Nesta terça-feira (21 de maio de 2013) foi mais uma data para entrar para a história de Castilho-SP. Não por conta de uma privatização covarde de um serviço público como foi o da água, mas sim porque pela segunda vez na história deste município os servidores municipais se uniram e decidiram entrar em greve por melhores salários e maior valorização profissional.
Por ser uma mobilização que se dá logo após uma eleição municipal, alguns acusam se tratar de uma simples ação de partidários da oposição, o que em partes pode ter alguma razão. No entanto, uma análise mais profunda do problema percebe-se que esta paralisação é fruto de uma grande revolta dos funcionários públicos, que vai muito além de questões político-partidárias.
O Sindicato da categoria intensificou a campanha de conscientização salarial apenas no ultimo mês, e mesmo de uma forma meio que desorganizada conseguiu arrastar a maioria dos funcionários públicos de Castilho para a greve na primeira chamada que fez, o que mostra toda a insatisfação destes trabalhadores.
O atual prefeito já assumiu o cargo sofrendo de grande desconfiança dos funcionários públicos municipais, pois nos outros dois mandatos que esteve a frente da Prefeitura teria promovido uma política de arrocho salarial. Talvez seja por isto que os argumentos que tentam justificar um reajuste de apenas 7% a todo o funcionalismo público não tenham surtido efeito.
A falta de isonomia na hora de definir o reajuste/aumento salarial para os diferentes cargos também tem causado muita revolta. Histórias como as do aumento de 44 % para o Diretor Administrativo da Câmara e de 40% para os médicos causaram muita insatisfação entre os funcionários. Isto sem dizer que há ainda rumores de um projeto de aumento para assessores do alto escalão.
Outro fato de insatisfação é que um reajuste de 7% para todos os funcionários de diferentes cargos não é igualitário na prática, tendo em vista que o quadro de funcionários da Prefeitura é recheado de diferenças salariais, ou seja, um assessor do primeiro escalão terá um aumento salarial muito maior que um auxiliar geral, caso este reajuste seja mesmo aprovado.
Além disso, existe grande revolta entre os servidores por conta do Sindicato e da Câmara Municipal terem denunciado que a Prefeitura apresentou projetos extremamentes absurdos, desnecessários e que lembram a época da ditadura, como o de multas para quem recorre a processos administrativos, demissões quase que à revelia do funcionário, sem direito a direitos constitucionais de ampla defesa. Segundo o Sindicato, existe ainda um projeto que visa o corte do ticket alimentação para quem apresentar atestado médico. Ou seja, se a mãe de um funcionário estiver doente e ele tiver que comparecer ao médico, terá seu vale alimentação descontado em seu já baixo salário. Logicamente que com isso tentam punir o mau funcionário, mas acabam generalizando e punindo também o bom servidor.
O discurso principal na prefeitura é o de que a arrecadação irá cair por conta de uma lei que deverá entrar em vigor daqui a três ou quatro anos e que os recursos deste ano de 2013 estão menores que os do ano passado, sendo assim, o momento seria de sacrifício. No entanto, a revolta maior é que a cobrança por sacrifício acaba recaindo com maior peso em quem ganha menos. Para ser coerente, prefeito e assessores deveriam propor um reajuste escalonado, como foi feito em Andradina, onde os maiores salários tiveram reajustes menores e os mais baixos salários tiveram reajustes maiores, assim todos se sacrificariam igualmente. Mas, a justificativa é a de que isso é proibido, um argumento que deveria ser discutido pelo Sindicato, pois em vários lugares a coisa é feita desta forma. Por que aqui não é?
Ao que parece, estes trabalhadores não querem muito, querem acima de tudo um pouco mais de justiça e de valorização e encontraram na greve a única forma de exigir isto.