terça-feira, 12 de agosto de 2014

PRIORIDADES: a manifestação no Nova York e a construção da agência da Caixa

publicado no blog Opositores em Outubro de 2013



Como anunciado no meu último texto, estou longe do Paraíso. E não é um distanciamento unicamente físico, de estar muitos quilômetros afastado. Sem internet, com uma rotina alterada e sem muito saco, não tenho estado por dentro dos acontecimentos e dos ocorridos da minha Castilho. Entretanto, dois fatos me chamaram a atenção sobre como funciona a política, os políticos e suas prioridades.
Tudo na vida da gente passa pelas prioridades. Elas costumam preceder as nossas escolhas. O que você tem como prioridade, mesmo que seja aquela mais velada, escamoteada sob camadas e camadas de convenções sociais, é o que vai te definir no futuro e o que te define agora, segundo as prioridades que você teve outrora.
Há pouco tempo, creio que no final do ano passado, a Caixa Econômica Federal resolveu fincar raízes na nossa metrópole. Bom pra gente, porque viver de Bradesco é desolador. Ouvi rumores que ainda esse ano inauguram a agência. Rápido, eficiente e útil! Atributos não muito comuns em ações governamentais.
Por outro lado, esse final de semana, sábado sem não me engano, houve uma manifestação dos moradores no bairro Nova York por melhorias no local, mais especificamente pela finalização do asfalto em umas poucas ruas que, não sei por qual motivo, ficaram esquecidas lá no fundão.
O Nova York é, sem fazer muitos rodeios, uma bomba relógio! Foi feito sem qualquer planejamento social, jurídico ou moral. Não sei como se pode imaginar que fazer um bairro longe do centro e, conseqüentemente, dos serviços públicos essenciais, poderia dar certo. Já assistiram Cidade de Deus? É bem aquilo lá, só que em menor proporção. Alguém pensa: joga a pobraiada pra longe que a cidade fica bonita. Só que não é assim que funciona. Daí, um dia (e ele sempre chega), aquele que foi marginalizado, ignorado (exceto, por óbvio, nas eleições) vai querer seu espaço.
Pode vir alguém me dizer que a CEF não é serviço genuinamente público, que é empresa pública e, portanto, tem lá seus trejeitos de pessoa jurídica de direito privado. Pura inocência! Umas ruas esburacadas onde quase ninguém vê, onde há pessoas que, igualmente, ninguém vê, nunca vai ser prioridade pra governantes que entram pensando em reeleição, em pagar dívidas de campanha, em fazer caixa dois, ou, apenas, fazer do seu filho um “dotô”. Um banco, com seus lucros bilionários, não passa despercebido.

E, só pra constar, em Castilho nem “dotô”, “fessô”, ou “rei da selva” podem se orgulhar muito dos rumos que a cidade tomou no âmbito social e do seu papel com relação ao Nova York. As prioridades do passado podem ser vistas hoje sem qualquer dificuldade. Aliás, acho que o único legado da administração passada foi deixar o povo muito insatisfeito e pronto para uma revolta. Cabe à atual saber contornar essa herança e dar à cidade um andamento que melhor atenda à coletividade.
Bem, assim como nossa história pessoal é fruto de nossas prioridades e escolhas, a cidade, um organismo vivo, é fruto das prioridades e escolhas dos nossos representantes, seja na esfera que for. Um banco, nesse nosso sistema, é algo importante. A CEF, pra quem precisa de financiamento imobiliário, é uma mão na roda. Entretanto, nunca pode ser maior que saneamento básico, água, luz e qualidade de vida pra coletividade. Temos que ter sempre em mente que banco só dá lucro pra meia dúzia de pessoas. Não passa disso! Uma cidade bem estruturada, pensada, feita e conduzida para o bem de todos é certeza de um futuro bem mais confortável e amistoso.


Márcio Antoniasi

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