terça-feira, 12 de agosto de 2014

TAPANDO BURACOS: a privatização da água e outros assuntos sem importância

publicado no blog Opositores em agosto de 2013


Uma crítica generalizada é uma causa ou um efeito? Nas que tenho feito e participado creio ser um efeito, especialmente em relação à câmara de Castilho e sua atitude passiva quanto ao problema “Águas de Castilho”.
Tenho participado do Conselho Popular e acompanhado de perto a sua luta junto à prefeitura e câmara por apoio a essa causa. Em uma grande assembleia no início do ano, Joni esteve lá, distribuiu tapinhas nas costas e promessas de estar de acordo com a luta do Conselho e disposto a ajudar. De fato, em comparação com a câmara, Joni tem sido menos passivo e mais coerente em relação ao que disse. Já a câmara, merece um parágrafo a parte.
            Desde o início do ano, o Conselho tem intensificado a articulação junto à câmara e promovido reuniões em diversos pontos da cidade, no intuito de conscientizar e instigar a população ao debate e à luta contra a privatização. Participei de algumas reuniões e, para minha grata surpresa (naquele momento), pude observar a presença constante de alguns de nossos vereadores novos, inclusive do presidente da câmara, em que demostravam grande disposição em ajudar. Entretanto, quando a articulação para a realização do referendo se iniciou, a relação ficou, no mínimo, um tanto confusa. Percebi, desde então, que a frequência deles diminuiu, assim como o apoio. 
            Nas últimas semanas, dois fatos antagônicos me fizeram refletir sobre a atuação de nossa câmara. Na verdade, algumas notícias me fizeram refletir. A primeira refere-se à reunião com o diretor geral da concessionária, convocada pelos vereadores. Pelas informações que obtive (divulgadas pela imprensa), nossos representantes pediram o encontro para consultar sobre algumas possíveis reduções na tarifa e a única coisa que conseguiram da empresa foi um show de frieza e uma lição sobre o contrato firmado, além do anúncio de mais reajustes.
Senti vergonha por eles. Deu a impressão de que a reunião foi uma tentativa de “tapar buracos”, de conseguir alguma migalha da concessionária para ser usada como escudo político e álibi diante da passividade em relação ao referendo. Acreditaram que, talvez, haveria alguma “bondade” escondida no coração capital selvagem da empresa. Foram inocentes. Não há bondade e nem coração, só capital.
Em contrapartida, na última segunda-feira (09/09/2013) soube (também pela imprensa) que a câmara de Andradina aprovou uma CEI para investigar possíveis irregularidades no contrato firmado entre a prefeitura e a concessionária que administra o serviço de água e esgoto de lá, que, por coincidência, é a mesma empresa de Castilho (Cab Ambiental). Por mais que a câmara de lá possa ter sido omissa no passado (como a daqui também foi) ao aprovar esse mesmo contrato, hoje demonstram “arrependimento” (obviamente, pensando politicamente) e, principalmente, coragem para encarar o problema como deve ser encarado, sem “tapar buracos”, mas usando os instrumentos adequados (CEI).
“Tapar buracos” é sempre mais rápido e, por ser uma solução superficial, exige uma atitude repetitiva: tapa-se um buraco hoje, ele abre amanhã. Com isso, tem-se a impressão de “trabalho” constante, de ação. O que tenho observado em grande parte de nossa câmara é o interesse em resolver e, principalmente, divulgar ações que, por mais que sejam úteis, são pequenas e, a meu ver, sem necessidade da intervenção da câmara para serem feitas, bastaria a vontade dos setores responsáveis, exemplos: “instalação de bebedouro”, de “redutor de velocidade”, “limpeza e manutenção de prédios públicos” ou “lista de remédios para os ACS”. Porém, em questões mais “complexas”, como a lei referendo e a lei de tombamento municipal, eles tem se desviado, demonstrado pouco interesse diante da complexidade da causa.

Como eu disse, é mais fácil e mais visível “tapar buracos”.  Naturalmente, diante do recuo daqueles que um dia se mostraram interessados e do silêncio dos que se omitiram, as críticas acabam sendo gerais, respingando em todos da casa. E a cada resposta às críticas (às vezes indiretas) fica mais claro a preocupação em, principalmente, manterem o cargo, nada novo no cenário político castilhense. A renovação que todos esperavam tem se revelado a perpetuação de uma ideologia. 

PS: Este texto tratou de cargos públicos e suas ações, qualquer semelhança com a vida pessoal está em sua cabeça. 

Samuel Carlos Melo

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